Teatro Providência no Largo das Mercês - Joseph Léon Righini.

Teatro Providência no Largo das Mercês - Joseph Léon Righini.
Teatro Providência no Largo das Mercês - Litografia de Joseph Léon Righini. Fonte: Centro de Memória da UFPA

quarta-feira, 16 de março de 2016

Performance Maura e o esgarçamento de SER. Belém-PA. Março 2016



Compartilho o texto de Rosilene Cordeiro sobre a Performance Maura, apresentada no dia 05 de março de 2016, no Teatro Universitário Cláudio Barradas.




Com atuação do ator paraense Denis Bezerra, acompanhado pela indução artística da atriz-performer Rosilene Cordeiro, o trabalho Maura (livremente inspirado na autobiografia "Hospício é Deus" da renomada autora pós-morte, Maura Lopes Cançado, explosão literária pelo mérito em descrever a sua vida-dor como carcerária e doente mental de natureza esquizofrênica como foi laudada e esquecida por anos em que con-viveu em clausura) corroeu nossas expectativas prementes.


A imersão subversiva nessa transa potencial entre literatura-performance-loucura tem como resultado cênico (sempre provisório, pois o trabalho se dá em exercícios e exposições com um grau de roteirização e muitas demãos de experimentação real, circunstacional, eventual) é um jogo de gato-rato em que o ator, aqui pensado como atuante, se atira e se re-descobre toda vez que 'pensa saber que sabe', deslocando-se e de-encontrando-se no 'entre' desse lugartemporal da ação de performar.

Os Estudos da Performance atravessam aqui nossos pensares e dizeres como lupa conceitual e como caminho "de ter de onde se ir", para o percurso criativo considerando o "repertório vivencial, profissional e pessoal do atuante", enquanto campo e cenário para que o fosso potencial origine diálogos inconclusos e provisórios de uma fala estendida ao tempo dessa inter(loucura)ação a dois e a tantos. 

Uma ação artística e seus desdobramentos. Uma cidade re-aberta em espaços distintos abertos visitados por esse  cubículo vazado, arrastando-NUS pra dentro. Encarcerando-nos em nós mesmos.

É lá que seremos devorados pela lambida da mulher-personagem, persona fugidia, engoliDORa de nossa serenidade...a nos aguarda com secura. Seu hálito vibra com espinho na face, mesmo que não queiramos ver. Maura é para sentIR.

"Água! tenho sede..." (MLC por Ney Ferraz Paiva acerca de Hospício é Deus)

Nos cruz-AR-emos. e provavelmente nunca estaremos prontos para fitá-la olhos nos olhos.

Melhor contentar-nos com a saliva.

(Fotocapturação: Uirandê Gomes),



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