Teatro Providência no Largo das Mercês - Joseph Léon Righini.

Teatro Providência no Largo das Mercês - Joseph Léon Righini.
Teatro Providência no Largo das Mercês - Litografia de Joseph Léon Righini. Fonte: Centro de Memória da UFPA

domingo, 6 de março de 2016

Vamos ao Teatro[1].



O progresso cada dia que passa, toma conta de nossa Belém: vê-se edifícios, fábricas, magazines, que pouco ficam a dever com os grandes centros. Mas uma coisa que ainda está caminhando em passos lentos: é a cultura, o amor pelas artes, não estamos dando a devida atenção a ela, poucos são os que se animam elevá-la a um nível maior.
O teatro, coitado, está ainda no berço esquecido. Existem, aqui em Belém, poucos os que lhe dão o seu valor. Nossos atores, se fossem viver de teatro estariam morrendo de fome, mas assim mesmo trabalham, por amor sem ganhar um tostão, e nem o querem, pois a sua recompensa seria a de ver, a sala de espetáculos cheia, mas o nosso público ainda não compreendeu, ou melhor, ainda não aprendeu a gostar de teatro. E diga-se que, aqui em nossa cidade, o espetáculo é gratuito; imaginem se fosse pago como em outros Estados, que o ingresso é quase duas vezes o preço do cinema, aí mesmo que não aparecia ninguém. Felizmente, já temos pessoas entendidas, que o prestigiam, mas não basta, é muito pouco, em comparação com os do sul e central, que em cada cidade que nascer uma das primeiras coisas que fazem é a Igreja, o palácio do governo e um teatro.
Há poucos dias, no Teatro da Paz, a Escola de Teatro da Universidade do Pará, apresentou uma peça de Coelho Neto: “O Quebranto”, aliás, boa peça, bons atores (apesar de estudantes) porém houve dias em que o espetáculo foi apresentado para uma plateia de uns duzentos espectadores no máximo.
Esta semana o “Teatro Operário do SESI”, sob a direção de Cláudio Barradas, está apresentando, diariamente, 4 peças de um ato:
“Sobre os Males que o Fumo Produz”, um monólogo de Anton Tchekhov; “Geminis”, de Renta Palotini; “Uma Carga de Laranjas”, de Francisco Pereira da Silva, e “Espelhos Paralelos”. Todas essas peças são de autores consagrados, e estão sendo levados ao palco, na Sede do SESI, à rua Quintino Bocaiúva, 1612, por moças e rapazes, esforçados e de talento.
Prestigiemos o nosso teatro, vamos, fazê-lo grande, demonstrar que aqui temos cultura, que nossos atores e diretores, nada ficam a invejar os das grandes cidades.


[1] Texto publicado em A Província do Pará de 1965. Não assinado.

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