Compartilho o texto de Rosilene Cordeiro sobre a Performance Maura, apresentada no dia 05 de março de 2016, no Teatro Universitário Cláudio Barradas.
Ele está disponível no Blog da artistas: http://pesquisocorpocenico.blogspot.com.br/2016/03/performance-maura-e-o-esgarcamento-de.html
Com atuação
do ator paraense Denis Bezerra, acompanhado pela indução artística da
atriz-performer Rosilene Cordeiro, o trabalho Maura (livremente inspirado na
autobiografia "Hospício é Deus" da renomada autora pós-morte,
Maura Lopes Cançado, explosão literária pelo mérito em descrever a sua vida-dor
como carcerária e doente mental de natureza esquizofrênica como foi
laudada e esquecida por anos em que con-viveu em clausura) corroeu nossas
expectativas prementes.
A imersão
subversiva nessa transa potencial entre literatura-performance-loucura tem como
resultado cênico (sempre provisório, pois o trabalho se dá em exercícios e
exposições com um grau de roteirização e muitas demãos de experimentação real,
circunstacional, eventual) é um jogo de gato-rato em que o ator, aqui pensado
como atuante, se atira e se re-descobre toda vez que 'pensa saber que sabe',
deslocando-se e de-encontrando-se no 'entre' desse lugartemporal da ação
de performar.
Os
Estudos da Performance atravessam aqui nossos pensares e dizeres como lupa
conceitual e como caminho "de ter de onde se ir", para o percurso
criativo considerando o "repertório vivencial, profissional e pessoal do
atuante", enquanto campo e cenário para que o fosso potencial origine
diálogos inconclusos e provisórios de uma fala estendida ao tempo dessa
inter(loucura)ação a dois e a tantos.
Uma ação
artística e seus desdobramentos. Uma cidade re-aberta em espaços distintos
abertos visitados por esse cubículo vazado, arrastando-NUS pra dentro.
Encarcerando-nos em nós mesmos.
É lá que
seremos devorados pela lambida da mulher-personagem, persona fugidia,
engoliDORa de nossa serenidade...a nos aguarda com secura. Seu hálito vibra com
espinho na face, mesmo que não queiramos ver. Maura é para sentIR.
"Água!
tenho sede..." (MLC por Ney Ferraz Paiva acerca de Hospício é Deus)
Nos
cruz-AR-emos. e provavelmente nunca estaremos prontos para fitá-la olhos nos
olhos.
Melhor
contentar-nos com a saliva.
(Fotocapturação:
Uirandê Gomes),