Teatro Providência no Largo das Mercês - Joseph Léon Righini.

Teatro Providência no Largo das Mercês - Joseph Léon Righini.
Teatro Providência no Largo das Mercês - Litografia de Joseph Léon Righini. Fonte: Centro de Memória da UFPA

quinta-feira, 9 de maio de 2013

51 anos da Escola de Teatro da UFPA




No último dia 06 maio de 2013, completou-se 51 anos da instalação do STUP – Serviço de Teatro da Universidade do Pará – com o curso de Iniciação Teatral, embrião do curso de Formação de Ator, em caráter experimental. Em 1962, Belém ganhou um espaço de formação e que perdura até hoje com duas graduações, uma em Licenciatura em Dança constituído em 2008, e uma Licenciatura em Teatro formado em 2009, além do curso técnico em Formação de Ator, e técnico em Dança, Figurino e Cenografia. Na sua fundação, a STUP ficou sob a coordenação do professor Benedito Nunes, que já era professor da universidade. A primeira turma teve como alunos: Alberto Teixeira Coelho Bastos, Augusto Rodrigues Corrêa, Cláudio de Souza Barradas, José Nazareno Santana Dias, Maria de Belém Rossard Negrão Guimarães, Maria de Lourdes Ramos Martins (a Mendara Mariani), Reynúncio Napoleão de Lima, Sônia Maria de Macedo Parenti e José Morais de Lima, que concluem o curso na primeira turma, em 1965.
No primeiro relatório feito em 1964, sobre os dois primeiros anos das atividades do STUP, observa-se a seguinte estrutura: Benedito Nunes, Coordenador; Maria Sylvia Nunes, Diretora dos Cursos; Rafael Vieira da Costa, Secretário; Antonio Fernando Penna, Assistente de Direção; Luís Otávio Barata, Escriturário; Luís Martins de Aragão, Escriturário; Ubiratan Campos, Continuo; Odilon Brito, Continuo. Além disso, mantinham o Centro de Estudos Cinematográficos e a Escola de Teatro com o curso de Formação de Ator. No aspecto curricular o curso de Formação de Ator tinha as disciplinas: dicção, expressão corporal, estética, interpretação, psicologia, teoria e história do teatro 1ª e 2ª séries. Tinha no corpo docente Amir Haddad, na interpretação; Benedito Nunes Psicologia e Estética; Carlos Moura, Dicção; Francisco Paulo Mendes, História e Teoria do teatro; e Yolanda Amadei, na Expressão Corporal.
Durante os três primeiros anos de atuação, o Serviço de Teatro da Universidade do Pará apresentou os seguintes trabalhos:
1962
·         O Inglês Maquinista – Martins Pena
·         O Delator – Bertold Brecht
·         O Velho da Horta – Gil Vicente
·         Caminho Real – Anton Tchekhov
1963
·         O Diletante – Martins Pena
·         Os Fuzis da Srª Carrar – Bertold Brecht
·         O Auto da Barca do Inferno – Gil Vicente

1964
·         Cenas de Shakespeare: Otelo, Hamlet, A Megera Domada, Sonho de uma Noite de Verão, Ricardo III, Macbeth, O Mercador de Veneza e A Tempestade
·         O Sonho Americano – Edward Albee
·         Leonor de Mendonça – Gonçalves Dias
·         Quebranto – Coelho Neto
·         Stabat Mater – Pergolesi
·         A História do Zoológico – Edward Albee
Fonte: Relatório nº 1 do Serviço de Teatro da Universidade do Pará.

A Escola de Teatro vem desde a sua fundação desenvolvendo um papel importante na formação de artistas para a cidade, além de propiciar à sociedade o contato com muitas obras do cânone literário, e também resultados de novas experimentações.


   Matéria jornalística falando sobre o trabalho “As Troianas”, apresentado no Museu de Arte de Belém.
Fonte: A Província do Pará 19-12-1971.

Os trabalhos são inúmeros, porque em seu currículo, a Escola de Teatro tem como prática ao final de cada ano letivo realizar uma montagem, uma forma de aplicar os ensinamentos adquiridos ao longo do curso. Muitos trabalhos foram montados, como afirma Cláudio Barradas (2009):

Com a Escola de Teatro [fiz] “Vereda da Salvação”, de Jorge Andrade; “Nossa cidade”, de Thortou Wilder; “O Papagaio”, de Benedicto Monteiro/ Cláudio Barradas; “Ilha da Ira”, de João de Jesus Paes Loureiro; “Cobra Norato”, de Raul Bopp; “O café”, de Mário de Andrade; “As Troianas”, Eurípedes/ Sartre; “Coronel de Macambira”, de Joaquim Cardoso; “Incelença”, de Luis Marinho; “O Urso”, “O Jubileu” e “Pedido de Casamento”, de Anton Tchecov; “O Desejado”, de Francisco Pereira da Silva.



    Em sua fundação, a Escola de Teatro e Dança da Universidade Federa do Pará integrou um projeto de “modernização” da cidade de Belém, por meio das artes, do fazer teatral. E nesse ponto, a instituição tem uma função fulcral, pois ao longo dos seus 51 anos, forma artistas para a cidade, além de fazer parte da formação de pessoas que, mesmo não seguindo uma carreira artística, destacam a importância dos cursos ofertados pela ETDUFPA em suas trajetórias de vida.
A preocupação com a qualidade artística, o apuramento estético, e a construção de um espaço de formação e fomentação teatral foram os motivos que levaram diversos professores, artistas a lutarem e dar continuidade a esse projeto iniciado em 1962. Há diversos pontos para o debate, como a produção, a criação e manutenção de espaços para as artes cênicas, no Pará, mas deixaremos para um próximo momento tais aspectos.

Denis Bezerra (09/05/2013).

sábado, 9 de março de 2013

Proposta do Blog



Este Blog faz parte da minha pesquisa de tese, a qual busca refletir sobre as poéticas modernas do teatro no Pará. Ele tem por meta a divulgação da minha pesquisa, e, principalmente, estabelecer diálogos com quem queira contribuir com este trabalho, dando depoimentos, relatos e se possível, fornecendo fontes que possam ajudar na construção desse discurso sobre os fazeres teatrais modernos no estado..

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Resumo da proposta de tese

TEATRO MODERNO NO PARÁ: cultura, história e poética
José Denis de Oliveira Bezerra
Antonio Maurício da Costa
Ana Karine Jansen de Amorim
Pesquisar sobre as práticas teatrais no Pará, entendendo tais práticas como um conjunto de ações dos artistas ligadas ao fazer teatral, é fundamental para compreender as representações sociais, políticas, ideológicas e estéticas na Amazônia. Estudar como se constituiu, em uma perspectiva histórica, o teatro moderno na região ajudará a perceber a formação do pensamento artístico-cultural no e sobre o espaço amazônico, no século XX. Assim, esta pesquisa de doutorado centraliza-se em uma questão fundamental: como se deram as transformações na produção e recepção das práticas cênicas no século XX, ou seja, o teatro moderno no Pará. Além disso, problematiza também a historiografia teatral no Brasil, e discute alguns conceitos: teatro/dramaturgia/encenação; moderno/modernismo/tradição; história/memória/historiografia.

Memórias do Teatro no Pará



Norte Teatro Escola do Pará (1957-1962)

O Norte Teatro Escola do Pará surge com a finalidade de fazer teatro, da iniciativa própria de jovens que viam na arte uma forma de debater e expandir as relações do grupo do qual faziam parte. Maria Sylvia Nunes fala sobre a criação do grupo:

Aí fizemos o Norte Teatro Escola. O pessoal daqui de casa que queria aprender entrou. Foi daí que surgiu Norte Teatro Escola. Primeiro nós passamos um tempo estudando teatro, nós nos reuníamos aos sábados. Geralmente eu que falava, contava da Grécia, que eu sempre gostei muito de estudar. Então, eu estudava essas coisas, eu lia muito! tinha a vantagem de poder ler. Então, a gente lia.... Eu passava pro pessoal, não era tipo aula, era de contar... a gente se reunia aos sábados. Então, resolvemos fazer nossa primeira apresentação pública foi um recital de poesia em que a gente pegou desde Akenathon, Renascimento até os modernistas. Todo mundo gostou muito. Fizemos um segundo recital de poesia. Aí resolvemos montar peças curtas, porque a gente tinha a consciência  mesmo que a gente não sabia representar, mas a gente tinha bom gosto pra escolher os textos, e a gente tinha o amor pelos textos. A gente não tava a fim de se mostrar. Uma coisa é você estar a serviço do autor, uma coisa é você está serviço do seu ego. Tem uma diferença brutal aí. Então a gente estava na primeira categoria, a gente queria compartilhar com os outros a beleza do texto. Era só isso que a gente queria. Então nós fizemos o Ghelderodes, um autor belga, que naquele tempo estava em grande alta. Nós fizemos uma peça curta dele chamada Os Cegos, e foi um sucesso. Os amigos da gente gostaram, então a gente ficou animado de fazer mais e aí começamos a fazer sempre peças de um ato, fizemos Tchecov, fizemos um monte de coisa com um ato (excerto da entrevista que fiz com a professora, em 2009).

Trabalhos encenados pelo grupo Norte Teatro Escola do Pará

Ano
Peças
1958
Os Cegos, de Ghelderodes
1958
Morte e Vida Severina, de João Cabral de melo Neto
1958
O Moço Bom e Obediente (adaptação de um autor inglês)
1959
A Lição de Botânica, de Machado de Assis
1959
O Quase Ministro, de Machado de Assis
1959
O Urso, de Anton Tchekov
1959
O Pedido de Casamento, de Anton Tchekov
1959
O Cisne, estudo de Anton Tchekov
1959
Pluf, o Fantasminha, de Maria Clara Machado
1959
Édipo Rei, de Sófocles
1959
A Cantora Careca, de Eunène Ionesco
1960
Pic-nic no Front, de Fernando Arrabal
1960
Os Espectros, de Ibsen
1961
O Namorador ou A Noite de São João, de Martins Penna
1962
Biederman e os Incendiários, de Max Frish

Fonte: Teatro de Vanguarda (Paraguassú Éleres, 2008).