Carlos Miranda
Fonte: Foto Carlos. Acervo
CEDOC/Funarte.
O
dia 24 de janeiro é uma data para ser lembrada e comemorada nas artes cênicas nacionais, porque é o dia de nascimento de um dos homens mais importantes do
teatro brasileiro do século: Carlos Miranda.
Às
6h00 do dia 24 de janeiro de 1936, nascia em Belém do Pará, na Rua 28 de
Setembro, Carlos Pereira de Miranda, filho de Antonio Pereira de Miranda e
Maria Emília Miranda, portugueses que vieram construir suas vidas na capital
paraense.
Carlos
Miranda fez seu curso ginasial entre 1947 a 1950, e o científico de 1951 a 1953 no Colégio Salesiano do Carmo.
Em 1954, entra na Faculdade de Direito, curso que finalizará em 1959. É nesse
ambiente universitário que ele iniciou a sua relação com a arte teatral.
Têm-se
notícias de que Carlos Miranda iniciou no teatro nas ações do movimento amador,
capitaneado por Margarida Schivazappa e Angelita Silva. Em 1957 ele participou do I Festival de
Amadores Nacionais, organizado por Dulcina de Moraes, no Rio de Janeiro. Integrando
o grupo Os Novos, juntamente com Cláudio Barradas, Lóris Pereira, Assis Filho,
e outros, viajaram a capital do país para apresentar a peça inédita na época, No Poço do Falcão, de W.B. Yeats, com
tradução de Angelita Silva e direção de Margarida Schivazappa. Nessa montagem,
Carlos Miranda representou o personagem Jovem. A apresentação ocorreu no dia 23
de janeiro de 1957 no Teatro Dulcina.
Na foto grupo Os Novos, após apresentação do espetáculo No
Poço do Falcão. Na parte inferior, da direita para esquerda: Carlos Miranda,
Cláudio Barradas no centro caracterizado como personagem Velho. Na parte inferior, da direita para esquerda: Margarida
Schivazappa, Paschoal Carlos Magno.
Fonte: Acervo Labanca - CEDOC-Funarte.
Quando
o grupo retornou à Belém, seus integrantes não deram continuidade e se
desarticularam. Porém, logo em seguida, surgiu o Norte Teatro Escola do Pará
(1957-1962), com a direção de Maria Sylvia e Benedito Nunes. Carlos Miranda permaneceu
ligado ao movimento amador de teatro através desse novo grupo. Nele, veio a sua
grande projeção nacional, ao participar de montagens históricas no Brasil, como
a primeira de Morte e Vida Severina, em 1958, no I Festival de Teatro do
Estudante do Brasil, sendo o primeiro ator brasileiro a interpretar o
personagem Severino, que lhe deu o
prêmio de melhor ator nacional nesse evento. Esse fato se repetiria no ano
seguinte, no II Festival de Teatro do Estudante do Brasil, realizado na cidade
Santos/SP, ao interpretar Édipo, na
tragédia sofocliana Édipo Rei.
Em
1959, Carlos Miranda termina o curso de Direito na Universidade Federal do
Pará, e resolve mudar-se para o Rio de Janeiro, encerrando sua breve carreira
junto aos grupos paraense, porém, iniciando uma longa trajetória de militância
pelo teatro nacional. Ao chegar à capital federal em 1960, logo se insere ao movimento
cultural e teatral das capitais carioca e paulista.
Carlos
Miranda participou, na década de 1960, do CPC, do Teatro de Arena,
Grupo Decisão, Companhia de Paulo Autran, entre outros, até 1974, quando,
juntamente com Orlando Miranda, assumiu o Serviço de Teatro de Nacional/SNT. Nesse
momento, o ator, produtor começa a sair de cena para a entrada nos palcos de
sua grande missão de vida e arte: a gestão pública ligada à área cultural.
O
SNT, criado em 1937, no governo de Getúlio Vargas funcionou até 1981, quando se
tornou o INACEN – Instituto Nacional de Artes Cênicas, que em 1987 passou a FUNDACEN – Fundação Nacional de Artes Cênicas, desarticulada em
1990, quando Collor assumiu a Presidência e extinguiu o Ministério da Cultura, transformando-o
em Secretaria da Cultura, ligada ao Gabinete da Presidência da República. Com a
“morte” do MINC, consequentemente, as
fundações (Fundacen, Funarte, entre outros) foram extintas. Mas esse é um
capítulo longo....
O
que se quer, nesse texto, é prestar uma homenagem a um dos mais importantes
homens do teatro brasileiro do século XX. Afirmar a sua importância para a
cultura nacional, como um sujeito que lutou para a promoção, produção,
circulação, preservação das artes cênicas brasileiras.
São
muitos capítulos a serem escritos sobre a história de Carlos Miranda. Mas não poderia deixar, nesse dia em que
completaria 83 anos, de falar, em linhas gerais, sobre ele. Um gestor
público que tanto lutou pelas memórias e pela produção e circulação das artes
cênicas brasileiras. Em 1997, ele saiu de cena, foi habitar outro plano,
provavelmente iluminado pelo azul que brilhava em seus olhos.
Carlos
Miranda, Bravo!